
Capitolina Revista
Paulo Scott
Carta ao Rio

Daqui a insegurança que fere a suspensão
Amigos que respiram o plástico do resumo
Vivemos no atalho e não admitimos
O que traz em pacotes um tipo choque-muro
Vidas sem ombros para atracar – um sacrifício
Anarquista entregando a carne de sua língua
Injeto meu estômago no estômago
De quem abraça a morte e não se revolta
Os boys falam de ironia e as madames da Gávea
Retomam sua jovial arrogância docente
Nas caixas de comentários do Facebook –
Ando atrás de coisa nova – em derrubada
A dor que eu mesmo plantei

Paulo Scott é autor de seis livros de poemas – os mais recentes são "Garopaba Monstro Tubarão" (Selo Demônio Negro, 2019) e “Mesmo sem dinheiro comprei um esqueite novo” (Companhia das Letras, 2014), e seis de prosa – dentre eles o livro de contos “Ainda orangotangos” (Editora Record, 2007, republicação), adaptado para o cinema pelo diretor Gustavo Spolidoro, longa-metragem vencedor do 13º Festival de Cinema de Milão, e os romances “Habitante irreal” (Alfaguara, 2011), lançado também na Alemanha, Portugal, Inglaterra, Estados Unidos e Croácia, “O ano em que vivi de literatura” (Editora Foz, 2015) e "Marrom e Amarelo" (Companhia das Letras, 2019), publicado em Portugal e em preparação para ser lançado na Inglaterra e nos Estados Unidos. Scott já foi contemplado com o APCA - Associação Paulista de Críticos de Arte, o Prêmio Machado de Assis e o Prêmio Açorianos de Literatura,